Avaliação Ergonômica por meio da Eletromiografia de Superfície: Estudo de Caso na Indústria Automotiva
DOI:
https://doi.org/10.15675/gepros.v14i5.2546Palavras-chave:
Eletromiografia, Fadiga, Risco musculoesquelético, Ergonomia, Indústria automotivaResumo
A indústria automotiva é um importante setor da economia brasileira, sendo responsável por 5% do PIB do país. Apesar dos avanços tecnológicos da indústria, algumas das atividades realizadas ainda dependem de trabalho manual, repercutindo em riscos à saúde do trabalhador. Nesse sentido, a ergonomia atua visando melhorias de segurança e consequente aumento da produtividade no setor. Assim, esta pesquisa teve como objetivo avaliar, por meio da eletromiografia de superfície, os riscos de lesões musculoesqueléticas inerentes à atividade de montagem de veículos desempenhada por um operador de linha de montagem em uma montadora de automóveis da região sul do Brasil. Como resultado, identificaram-se duas principais posturas de trabalho, em pé e sentado, sendo que em ambas posições o trabalhador realiza a colocação manual de peças adotando flexão de tronco e anteriorização da cabeça. Observou-se maior ativação mioelétrica na postura em pé, principalmente nos grupos musculares multífido esquerdo e trapézio superior direito. Apesar disso, ocorre um favorecimento da recuperação muscular na posição em pé, ainda que ambas as posições apresentem tendência de fadiga muscular e possam levar o trabalhador a sofrer desordens musculoesqueléticas.
Referências
ABRAHÃO, Júlia et al. Introdução à Ergonomia: da teoria à prática. São Paulo: Edgard Blücher, 2009.
ABRAHÃO, Júlia Issy; PINHO, Diana Lúcia Moura. As transformações do trabalho e desafios teórico metodológicos da Ergonomia. Estudos de Psicologia, Brasília, v. 7, p.45-52, 2002. Número especial. DOI: https://doi.org/10.1590/S1413-294X2002000300006
ALMEIDA, Rodrigo Gomes. A ergonomia sob a ótica anglo-saxônica e a ótica francesa. Vértices, Campos dos Goytacazes, v. 13, n. 1, p.115-126, jan./abr. 2011. DOI: https://doi.org/10.5935/1809-2667.20110007
ANFAVEA. Anuário da Indústria Automobilística Brasileira 2018. São Paulo: Anfavea, 2018.
ANITA, A. R. et al. Association between awkward posture and musculoskeletal disorders (MSD) among assembly line workers in an automotive industry. Malaysian Journal of Medicine and Health Sciences, v. 19, n. 1, p. 23-28, 2014.
BARBOSA, Fernando Sérgio Silva; ALMEIDA, Camila Cristina Rodeline; GONÇALVES, Mauro. Análise espectral do sinal eletromiográfico do músculo eretor da espinha obtido do teste de Sorensen. Fisioterapia em Movimento, p. 575-583, 2010. DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-51502010000400008
BASMAJIAN JV, DELUCA CJ. Muscle alive: their function revealed by electromyography. Baltimore: Willians & Wilkins;1985. p. 201-22
CHAFFIN, Don B.; ANDERSSON, Gunnar B. J.; MARTIN, Bernard J. Occupational Biomechanics. Eua: Wiley, 2006.
COITINHO, D.C; LEÃO, M.M; RECINE, E; SICHIERI, R. Condições nutricionais da população brasileira: Adultos e idosos. Pesquisa nacional sobre saúde e nutrição. Brasília: INAN, Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição, 1991
COMEL JC, JUNIOR JPB, CHINI EP, PEREIRA HM, CARREGARO RLC, CARDOSO JR. Comparação da atividade elétrica dos músculos trapézio superior e extensores do punho em duas condições de digitação. Fisioterapia em Movimento, v.27, n. 2, p. 271- 279, 2014. DOI: https://doi.org/10.1590/0103-5150.027.002.AO12
DE LUCA, Carlo J. The use of surface electromyography in biomechanics. Journal of applied biomechanics, v. 13, n. 2, p. 135-163, 1997. DOI: https://doi.org/10.1123/jab.13.2.135
DUL, Jan; WEERDMEESTER, Bernard. Ergonomia prática. Editora Edgard Blücher, 2000.
EKSTROM, Richard A.; SODERBERG, Gary L.; DONATELLI, Robert A. Normalization procedures using maximum voluntary isometric contractions for the serratus anterior and trapezius muscles during surface EMG analysis. Journal of Electromyography and Kinesiology, v. 15, n. 4, p. 418-428, 2005. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jelekin.2004.09.006
ENOKA, R.M.; STUART, D.G.. Neurobiology of muscle fatigue. Journal of applied physiology, v. 72, n. 5, p. 1631-1648, 1992. DOI: https://doi.org/10.1152/jappl.1992.72.5.1631
FALZON, Pierre. Ergonomia. Tradução de Giliane M. J. Ingratta et al.São Paulo: Blucher, 2007.
FERGUSON, Sue A. et al. Musculoskeletal disorder risk as a function of vehicle rotation angle during assembly tasks. Applied ergonomics, v. 42, n. 5, p. 699-709, 2011. DOI: https://doi.org/10.1016/j.apergo.2010.11.004
HÄGG, Göran M.; ÖSTER, John; BYSTRÖM, Sven. Forearm muscular load and wrist angle among automobile assembly line workers in relation to symptoms. Applied ergonomics, v. 28, n. 1, p. 41-47, 1997. DOI: https://doi.org/10.1016/S0003-6870(96)00033-6
HERMENS, H. J. et al. The SENIAM project: Surface electromyography for non-invasive assessment of muscle. In: ISEK Congress. 2002. p. 22-25.
IEA- International Ergonomics Association. Definição Internacional de Ergonomia. San Diego, USA: 2000 IIDA, It
IIDA, Itiro; GUIMARÃES, Lia Buarque de Macedo. Ergonomia: Projeto e Produção. 3 ed. São Paulo: Blucher, 2016.
KEYSERLING, W. Monroe et al. Effects of low back disability status on lower back discomfort during sustained and cyclical trunk flexion. Ergonomics, v. 48, n. 3, p.219-233, 22 fev. 2005. Informa UK Limited. DOI: https://doi.org/10.1080/0014013042000327689
KROEMER, Karl HE; GRANDJEAN, Etienne. Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. Bookman Editora, p. 321, 2005.
KUMAR, S e MITAL, A. Electromiography in ergonomics. UK: Taylor & Francis, 1996.
LANDAU, Kurt; PETERS, Helmut. Ergonomic demands in automotive component inspection tasks. Occupational Ergonomics, v. 6, n. 2, p. 95-105, 2006. DOI: https://doi.org/10.3233/OER-2006-6205
LANDAU, Kurt; IMHOF-GILDEIN, Beate; MÜCKE, Stephan. On the analysis of sector-related and gender-related stresses at the workplace—an analysis of the AET data bank. International Journal of Industrial Ergonomics, v. 17, n. 2, p. 175-186, 1996. DOI: https://doi.org/10.1016/0169-8141(95)00048-8
LANDAU, Kurt et al. Musculoskeletal disorders in assembly jobs in the automotive industry with special reference to age management aspects. International Journal of Industrial Ergonomics, v. 38, n. 7-8, p. 561-576, 2008. DOI: https://doi.org/10.1016/j.ergon.2008.01.006
LINDSTROM, L.; KADERFORS, R.; PETERSEN, I. An electromyographic index for localized muscle fatigue. Journal of Applied Physiology, v.43, p.750-754, 1977. DOI: https://doi.org/10.1152/jappl.1977.43.4.750
LUNDERVOLD, Arne. Electromyographic investigations during sedentary work, especially typewriting. American Journal of Physical Medicine & Rehabilitation, v. 30, n. 5, p. 314, 1951.
MARRAS, William S. Industrial electromyography (EMG). International Journal of Industrial Ergonomics, v. 6, n. 1, p. 89-93, 1990. DOI: https://doi.org/10.1016/0169-8141(90)90054-6
MERLETTI, Roberto; DI TORINO, P. Standards for reporting EMG data. J Electromyogr Kinesiol, v. 9, n. 1, p. 3-4, 1999.
MORAES, A. C. et al. Análise eletromiográfica do músculo reto femoral durante a execução de movimentos do joelho na mesa extensora. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 11, n. 2, p. 19-24, 2003.
MORAES, Anamaria de; MONT´ALVÃO, Cláudia. Ergonomia: conceitos e aplicações. Rio de Janeiro: 2AB Ltda., 2000. 232 p.
NODA, D. K. G.; MARCHETTI, P.H.; JUNIOR, G.B.V.. A Eletromiografia de superfície em estudos relativos à produção de força. Revista CPAQV–Centro de Pesquisas Avançadas em Qualidade de Vida, v. 6, n. 3, p. 2, 2014.
O'SULLIVAN, Susan B.; SCHMITZ, Thomas J. Fisioterapia: avaliação e tratamento. In: Fisioterapia: avaliação e tratamento. 2004.
PITCHER, Mark J.; BEHM, David G.; MACKINNON, Scott N. Neuromuscular fatigue during a modified Biering-Sørensen test in subjects with and without low back pain. Journal of sports science & medicine, v. 6, n. 4, p. 549, 2007.
POLLOCK, M.L., WILMORE, J.H. Exercícios na Saúde e na Doença : Avaliação e Prescrição para Prevenção e Reabilitação. MEDSI Editora Médica e Científica Ltda., 233-362, 1993.
PUNNETT, L et al. Ergonomic stressors and upper extremity musculoskeletal disorders in automobile manufacturing: a one year follow up study. Occupational And Environmental Medicine, v. 61, n. 8, p.668-674, 1 ago. 2004. BMJ. DOI: https://doi.org/10.1136/oem.2003.008979
SCHAUB, Karlheinz G. et al. Ergonomic screening of assembly tasks in automotive industries. In: Proceedings of the Human Factors and Ergonomics Society Annual Meeting. Sage CA: Los Angeles, CA: SAGE Publications, 2000. p. 5-409-5-412. DOI: https://doi.org/10.1177/154193120004403002
STATISTA. Worldwide automobile production from 2000 to 2017. 2017. Disponível em: <https://www.statista.com/statistics/262747/worldwide-automobile-production-since-2000/>. Acesso em: 15 mar. 2018.
TIESINGA L.J., DASSEN T.W. ; HALFENS R.J. Fatigue: a summary of the definitions, dimensions, and indicators. Nursing Diagnosis 7(2), 51–62, 1996. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1744-618X.1996.tb00293.x
THUN, Jörn-Henrik; LEHR, Christian B.; BIERWIRTH, Max. Feel free to feel comfortable—an empirical analysis of ergonomics in the German automotive industry. International Journal of Production Economics, v. 133, n. 2, p. 551-561, 2011. DOI: https://doi.org/10.1016/j.ijpe.2010.12.017
ULIN, Sheryl S.; KEYSERLING, W. Monroe. Case Studies of Ergonomic Interventions in Automotive Parts Distribution Operations. Journal Of Occupational Rehabilitation, v. 14, n. 4, p.307-326, dez. 2004. Springer Nature. DOI: https://doi.org/10.1023/B:JOOR.0000047432.07837.64
WISNER, Alain. Questões epistemológicas em ergonomia e em análise do trabalho. In. DANILEU, Francçois (Coord). Ergonomia em busca de seus princípios: debates epistemológicos. Tradução de Maria Irene Stocco Betiol. São Paulo/BR. Editora Edigard Blücher, 2004.
WOMACK, J. P.; JONES, D. T.; ROOS, D. The machine that changed the world. New York: Rawson Associates, 1990.
Downloads
Arquivos adicionais
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
O(s) autor(es) do artigo autorizam a publicação do texto na revista e garantem que a contribuição é original e inédita, não estando em processo de avaliação em outra(s) revista(s). As opiniões, ideias e conceitos emitidos nos textos são de inteira responsabilidade do(s) autor(es), não sendo a revista responsável por tais conteúdos.
Os editores da revista reservam o direito de efetuar ajustes textuais e de adequação às normas da publicação, caso necessário.
Os autores mantêm os direitos autorais sobre o trabalho e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho simultaneamente licenciado sob a Attribution 4.0 International (CC BY 4.0), o que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
Os autores têm autorização para firmar contratos adicionais, separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.